Desde que me conheço por gente, sou apaixonada por moda. Eu era uma criança, talvez uma das únicas, que trocava os brinquedos pelas roupas. Fui crescendo, o tempo passando e pouca coisa mudando. O saldo de tudo isso? Um guarda-roupa explodindo; a promessa de um ano inteiro sem comprar roupas, sapatos ou afins; a busca por uma nova consciência e um blog para compartilhar essa história com você.


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Um post atrasado

POST DEDICADO AS MINHAS AMIGAS GUDY E JOANA, QUE NÃO DEIXAM EU ESQUECER QUE TENHO UM BLOG.


Escrevi esse post no dia 28 de outubro de 2010, acabei não postando até hoje, mas agora está aí. Espero que gostem e prometo alimentar o blog com as informações dos últimos meses.


Foi assim: passou mais um mês e nessa correria do dia a dia acabei não escrevendo mais, algumas vezes pela falta de tempo, outras pela falta de assunto e outras pela falta de vontade mesmo. Muitas amigas (na verdade umas 5 amigas que lêem o blog) começaram a perguntar se eu tinha abandonado o blog e, o mais importante, se eu tinha abandonado a promessa. Bom, na verdade nem um nem outro, mas algumas coisas mudaram.


Faz alguns dias que tenho pensado no assunto e comecei a entender algumas coisas: escrever para mim sempre foi um lazer, sempre foi algo que me dava liberdade para expor exatamente quem eu sou; mas, mais do que isso, escrever sempre foi uma forma de eu elaborar as coisas que tenho dificuldade de entender no meu dia a dia, algo terapêutico. Há mais ou menos dois meses, decidi que faria terapia, coisa que sempre achei legal, mas que tinha grande resistência porque até então achava que ninguém melhor do que eu mesma para resolver as questões que me incomodavam. Queria fazer tudo sozinha, do jeito que sempre fiz. E foi aí que dei o primeiro passo: sabia que talvez podia chegar às soluções sozinha, mas decidi que não precisava ser assim, decidi que podia pedir ajuda e me abrir a alguém que nem conhecia. Foi aí que o Mario entrou na minha vida, um senhor de 60 anos, alegre, vital, que, embora não lembre em nada o Einsten, pensar nele me remete àquela foto em que o cientista está com a língua para fora. Ele é extremamente inteligente e me mostra em todas as sessões um novo olhar para pensamentos às vezes já tão sistêmicos. Mudou muito meu jeito de ver terapia. Nos vemos a cada 15 dias por cerca de 45 minutos que são importantes, mas que são uma fração perto das descobertas que tenho feito sobre mim, porque me propor a ir ao Mario foi propor um olhar para dentro de uma forma mas verdadeira, menos superficial; foi aceitar que podia viver com meus defeitos, encarar minha falhas e entender que não precisava ser perfeita, mas que apenas precisava ser eu.


E foi assim: nesses últimos tempos que não olhei tanto as vitrines, acabei até me esquecendo das lojas, das roupas, da moda (por incrivel que pareça) . Entrei num momento em que me despreocupei com o que me vestia e comecei a me despir de falsas verdades, de certos pudores, de um grande moralismo e tentar me enxergar assim, nua e crua, com meus defeitos e qualidades, sem modéstia, sem falsa modéstia, sem aversão, sem vaidosismo.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Sobrando


Começamos o mês e uma coisa inédita aconteceu: não só estava com dinheiro sobrando no caixa como, além de pagar todas as minhas contas, ainda organizei-me para pagar uma dívida antiga com o meu plano de saúde. Bom, né?! Na verdade, isso é ótimo; no meu caso, então, quase inacreditável. E o dinheiro que sobrou? Para este, eu já achei várias finalidades. Na verdade eu já o gastei de umas vinte formas diferentes sem ele nem mesmo ter saído da minha carteira. Algumas manias não mudam.

Eu estava analisando o meu comportamento, tentando ser a minha terapeuta, e descobri que meu principal problema não é gastar o dinheiro em roupas, mas sim gastar o dinheiro. Explicando melhor: tem períodos em que fico com muita vontade de gastar e, claro, até então sempre o fiz com roupa, que é o que me traz mais satisfação, mais alegria, mais tudo. Agora, fico procurando coisas com o que gastar, e a segunda que me traz mais prazer é minha casa. E nos últimos tempos, aproveitei para comprar todas aquelas coisinhas que estavam faltando, desde a toalhinha de centro de mesa até a renovação de alguns tapetes. Uma delícia, a casa ficou ainda mais bonita.

A questão é que fico realmente agoniada para gastar e, nessas horas, até com o encanador é legal. Não, na verdade com o eletricista é mais ainda porque ele sempre põe uma tomada nova e tal. Isso, pelo que percebo, é meio que um fator genético que vem nas mulheres. Eu não vejo isso no Bruno, ele não tem essa mesma vontade. Dou graças a Deus, porque se tivesse com certeza estaríamos falidos. Afinal, alguém tem que ter controle. O Bruno não gasta dinheiro com quase nada, às vezes até namora um instrumento musical e, quando incentivado por mim a comprar, diz "vou pensar um pouco melhor". Quase louca eu grito: leva de uma vez!

Então, tenho tentado entender em mim o porquê de tanto consumir. Estava em Urubici nesse fim de semana e conheci a Carol, que morava em Floripa, se mudou para lá e montou um restaurante, muito charmosinho por sinal. Ela me disse: "ganho menos do que ganhava em Floripa, mas hoje preciso de muito menos, aqui não tenho com o que gastar, não preciso de tanta coisa". E eu? Será que preciso? Até aqui, não consigo imaginar uma vida diferente da que levo, longe desse sentimento de alegria em ter as coisas, em precisar das coisas, mas é sempre algo para se pensar, para aprender a dosar e, quem sabe, um dia até desapegar.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Livros


Desde a minha promessa, tenho evitado ir ao shopping com frequência, mas quando vou dou prioridade em visitar livrarias. Sempre gostei de frequentá-las, mas agora tem um gostinho especial de dedicação pois tenho tempo para xeretar tudo, desde livros de viagem a gastronomia. Por isso, esses dias acabei parando na sessão auto-ajuda (embora eu já tenha lido alguns títulos, não é o tipo de literatura que me atrai). De frente para uma ilha de livros fiquei impressionada com alguns títulos: “Novos Solteiros”; “100 dias sem ele”; “Seduzindo o clube do bolinha”; “Felicidade - ela está ao seu alcance”; “O segredo das mulheres apaixonadas”; ”Homem cobra, mulher polvo”; “Guia da mulher ousada para uma vida espetacular”.

Eu quase morri de tanto rir, fiquei pensando em quem compra um livro com o título “Seu príncipe pode ser uma cinderela”. Imagina o desespero da pessoa?! E por que ler um livro para saber se ele é uma cinderela? Não é muito mais fácil encarar o problema e partir para a conversa? Outro título: “Por que algumas mulheres se casam e outras não?” Esse particularmente me irrita, porque me parece aquele estilo de livro que busca um estereótipo de “a mulher que consegue homem”, encorajando a infeliz que está lendo a seguir um padrão de comportamento para ser merecedora de um homem. Um outro que deve ir na mesma onda é “Por que os homens se casam com as manipuladoras?”. É aquele tipo de conselho barato que você ouve das pessoas como “você deve ser uma santa na mesa e uma puta na cama”. A vontade que me dá de dizer para a criatura que lê um livro desses é “minha filha: seja você mesma, confie em você, se valorize e seja feliz independente de ter um homem do seu lado”.


Temos a mania de achar que para cada coisa existe uma fórmula. Busca-se uma solução rápida e certeira, mas do meu ponto de vista me limito a dizer: não existe fórmula. Você conhece uma pessoa e às vezes as coisas acontecem, outras não. Não se martirize, não é sua culpa (bom, talvez seja, mas aí provavelmente não era a pessoa certa). Tem homem para tudo que é tipo de mulher e mulher para tudo que é tipo de homem. Basta saber se a loucura de vocês combina.

Não estou querendo dizer que livros de auto-ajuda são umas porcarias, embora alguns sejam mesmo. Existem títulos bem legais, mas o que quero dizer é que às vezes ficamos procurando tantas verdades que nos esquecemos que a melhor solução para as coisas darem certo está no fato de sermos naturais. Fiquei muito tempo saindo com os caras e fazendo tipinhos, joguinhos. Quando conheci o Bruno, mostrei exatamente quem eu era: mostrei que tinha um chulé horrível quando usava Melissa, que morro de preguiça de usar fio dental, que tenho mil manias de gente velha, que falo com uma voz de retardada com a minha cachorra e que às vezes sou muito mal-humorada. Mostrei quem eu era e o que eu queria daquela relação. Foi aí que pela primeira vez as coisas realmente deram certo.

Claro que buscar a resposta em nós mesmo é sempre mais difícil. Eu mesmo , adoro uma formula milagrosa, mas hoje em dia sei que o melhor caminho é quando olho para dentro e tento me encontrar. Apesar de ser muito mais doloroso, quando colho os frutos estes são sempre mais saborosos, por que nenhum livro nesse mundo vai saber o que é melhor para mim além de eu mesma.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Dicas


Para quem não quer ficar com um guarda-roupa como o meu, e consegue praticar o desapego melhor que eu, segue algumas dicas legais:

- Faça uma faxina periódica no seu guarda-roupa! O ideal é que seja feita de dois em dois meses, para que você reveja e relembre de peças que podem ser aproveitadas para renovar o look ou então para doar a alguém que precise. (Na verdade de dois em dois meses é exagero né?! )

- Sempre que comprar uma peça nova, tenha o compromisso de tirar uma antiga do guarda-roupa. Assim haverá sempre um rodízio e necessidade de atualizar o seu vestuário sem culpa; (Tudo bem, mas agora me diga: vale comprar uma blusa nova e tirar um pé de meia furada?)

- Os sapatos também passam por esse processo! Vá fundo no armário para relembrar aqueles pares que você já não faz mais idéia que existem e, aproveite para verificar se alguns deles estão precisando de uma visita até o sapateiro antes de doá-los; (Dica: Não jogue muitos sapatos fora de uma vez, por que ai você terá mais espaço e logo achará que esta precisando de uns novos)

- Faça uma lista do que você está verdadeiramente precisando, e estipule esses itens como “prioridades”, acima de qualquer outra peça. (isso é um ótimo conselho racional, mas a gente sabe que no fundo quem manda é o emocional. Se você esta em uma loja e se apaixona por uma peça tu convence até o papa que precisa dela)

- Invista mais dinheiro em peças-chave, que são de extrema relevância para o dia a dia e tem durabilidade, como uma calça jeans, um casaco preto e um scarpin básico. Estes itens, além de fáceis de serem combinados em qualquer look, podem ser compostos com uma diversidade imensa de assessórios e ornamentos que fazem toda a diferença. Já o que for “modismo” não deve tomar muito do seu bolso, por isso, analise muito bem o custo x benefício de cada peça, levando em consideração exatamente na respectiva ordem e relevância: o seu dinheiro, a sua necessidade e o seu gosto! (Isso é uma dica para a vida toda)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010


Essa semana entrei em uma loja e, mesmo não podendo comprar nada (mesmo sem a promessa não compraria lá, acho a loja um absurdo de cara), tenho que admitir: as peças são sempre lindas e adoro namorá-las. Nisso vem a vendedora:
- Posso te ajudar?
- Não, obrigada, hoje estou só olhando.
- Estamos com alguns descontos.
- Que pena, estou só olhando mesmo. Fiz uma promessa de ficar um ano sem comprar roupa e não posso quebrar, né?
- Mas então temos uns acessórios liiiiiiindos!
- Na verdade não posso comprar acessórios também.
- Sério? E sapatos?
- Também não.
- Mas por que você fez isso contigo?
- Humm... difícil explicar, talvez para me testar.
Ela me olha com cara de paisagem, como se pertencêssemos a mundos diferentes. Afasta-se, como que para me deixar à vontade, e nunca mais torna a mim.
Eu dou as costas e me sinto feliz por não ter mais ninguém para me bajular.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Um dia de compras


Eu trabalho numa agência de publicidade, no departamento de planejamento. Meu chefe, confiando no meu bom gosto, pediu que escolhesse um uniforme novo para a Taniele, nossa recepcionista. Não tive como dizer não e nem tive como negar que a idéia de sair no meio da tarde atrás de roupas me agradou muito. Acabei indo para o shopping e, ao entrar nas lojas em busca de peças com boa relação custo x benefício, me lembrei o quanto isso é prazeroso.


Fiquei impressionada com lojas como Renner e C&A, que estão com umas peças mais elaboradas e modernas. Acabei entrando também na Hering e, como nas últimas vezes, fiquei surpresa com a evolução da marca em termos de estilo, hoje muito além do básico, buscando design com conforto. Foi lá que encontrei umas saias muito bonitas de cintura alta que vão até o joelho (sem parecer uma Maria mijona). Depois, passei na Zara e descobri umas camisas lindas com um corte bem acabado, num bordô exatamente no tom da cor oficial da agência. Dei mais umas voltinhas mas não arrisquei comprar porque, embora eu tenha experimentado tudo (claro que não ia perder a oportunidade), a roupa muda de corpo para corpo.


No dia seguinte fui com a Taniele ao shopping e é claro que tudo que eu havia gostado ficou ótimo nela. Fomos primeiro na Hering e saímos de lá com duas saias muito alinhadas. Depois, Renner, mas não tinha nada muito atrativo. Então passamos na Zara e lá o rombo foi um pouco maior: 4 camisas e uma calça. Por fim, passamos na Arezzo e compramos um sapato pois, embora algumas pessoas possam achar um exagero comprar sapato para uma recepcionista, eu sei que ele diz muito sobre uma pessoa. E um sapato feio colocaria a minha produção e reputação por água abaixo.


Enfim, saímos do shopping: eu feliz com a sensação de tarefa cumprida e a Taniele felicíssima com as suas novas aquisições. Ganhei elogios do tipo “nossa! você é ótima para fazer compras” (quase respondi “tu nem imagina quanto”) e “você tem muito bom gosto” (isso é a mesma coisa que dizer para uma anoréxica que ela está pele e osso). Adorei a massagem no ego.


Porém, quando cheguei na agência me bateu um sentimento de culpa, tão recorrente em mim. Senti-me mal por ter de repente gastado demais, um dinheiro que ainda por cima não era nem meu. Daí, quando fiz as contas e vi que tinha comprado R$ 580,00 em roupa para a Tani, me senti muito mal. Na verdade, fiquei apavorada! Aos poucos, fui me acalmando e me lembrando que tudo que eu comprei era de bom gosto e tinha qualidade, e que provavelmente duraria mais que a recepcionista. E nem era tanto assim para a quantidade de roupa que eu havia comprado. Se meu chefe queria algo diferente teria que arcar com isso, não é? Depois de respirar fundo e me encher de argumentos que justificavam aquele gasto, fui falar com ele.


- E ai Victoria, comprou as roupas?
Respondi sem titubear: "Sim, são lindas". Fui explicando o que havia comprado a as combinações que as peças fariam e ele, sem entender muito o que eu estava falando, me interrompeu e perguntou:
- Gastou muito?
Tremi quase como vara verde, parecia que eu tinha 17 anos e estava respondendo essa pergunta à minha mãe depois de ela me emprestar o seu cartão para comprar um sapato. Respondi: "Ah, na faixa de uns 500". Notem, arredondei para baixo, um ato fallho também já recorrente.
Ele me olhou com uma cara de apavorado pensando onde essa louca comprou as roupas. E eu, já pensando em toda a explicação de que aquele valor não era nenhum absurdo, apenas respondi:
- Eu tenho bom gosto, mas nunca disse que era boa em economizar.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Contradição


Outro dia conversando no MSN com a amiga:

Vica diz:

Ficar sem comprar roupa é monótono.

Vicky diz:

Não é não, é um turbilhão de emoções.

Como assim, ficar sem comprar roupa é monótono? Eu sei que vai parecer muito fútil, mas Oiiii?! Alguém sabe o que eu to passando?

Tem dias que acordo e me acho a pessoa mais forte do mundo, fico filosofando com as coitadas das minhas amigas sobre o consumismo e penso que estou aprendendo que quantidade não significa nada. É basicamente nesses dias que fico totalmente desapegada das roupas que tenho e quero me desfazer de metade do meu guarda-roupa. Num impulso desses outro dia tirei 9 calças jeans e tratei de dar logo, antes que o sentimento passasse e eu as colocasse de volta. Fico pensando que está sendo muito fácil e até topo ir fazer compras com algumas amigas só para dar uma consultoria de moda.

Mas há os outros dias, como hoje, que são terríveis. O shopping, que sempre foi um lugar de carregar as baterias, comprar umas coisas e sair mais feliz, virou um amigo traidor que me apunhalou pelas costas. O final das estações vira realmente uma tortura. Fico olhando aqueles tapumes nas vitrines das lojas, sobreposto por aquele palavrão escrito em letras garrafais: LIQUIDAÇÃO! Me dá até arrepio! A liquidação funciona assim na cabeça de um consumista: “se não comprar agora, nunca mais vou ter a oportunidade de comprar uma bota de ski por esse preço, e quem sabe ter uma bota de ski não seja uma ótima oportunidade de aprender a esquiar?” Entenderam? Não? Não faz muito sentido mesmo. Por isso prometi ir ao shopping só depois que passar todos esses saldões, porque senão vira um ato masoquista, sinto como se estivesse me chicoteando, me torturando, ou algo parecido.

Ficar sem comprar roupas é assim, cheio de altos e baixos, cheio de sentimentos variados e contraditórios. Isso pra mim não tem nada de monótono. Monótona era a minha rotina de compras:

- Entra na loja, sente uma euforia, prova tudo, quer levar tudo e fica a melhor amiga da vendedora;

- Efetua a compra, não levando tudo que queria mas muito mais do que devia. Sai feliz;

- Chega em casa, se sente culpada, esconde a compra e jura que nunca mais vai fazer isso;

- Entra na loja, sente uma euforia... e assim vai.